Cirurgia cervical: orientações práticas para o pós-operatório

27 de julho de 2025 | sem comentário | Categoria(s): Sem categoria

O pós-operatório como determinante do sucesso cirúrgico

De modo geral, as cirurgias da coluna cervical, como a artroplastia ou a artrodese, representam importantes avanços no tratamento das patologias cervicais, uma vez que proporcionam alívio significativo da dor, melhora funcional e prevenção de déficits neurológicos.

Por outro lado, a eficácia do procedimento não depende apenas da técnica cirúrgica aplicada. Na verdade, a fase pós-operatória exerce papel determinante no desfecho clínico, sendo, portanto, fundamental para a consolidação dos resultados e a prevenção de complicações.

Com isso em mente, este conteúdo detalha os principais cuidados que o paciente deve adotar após a cirurgia cervical, tomando como base as melhores evidências clínicas e a ampla experiência do Dr. Ailton e da equipe da Clínica Vertebrata.

Aspectos fisiopatológicos do pós-operatório cervical

As intervenções na coluna cervical envolvem manipulação de estruturas neurais, ósseas e musculares extremamente delicadas. A resposta inflamatória pós-operatória, embora fisiológica, pode gerar:

  • Edema de partes moles, especialmente nas vias aéreas.
  • Espasmos musculares cervicais.
  • Alterações transitórias na deglutição (disfagia).
  • Risco de instabilidade segmentar, dependendo do tipo de procedimento.

Assim, o manejo pós-operatório deve equilibrar o estímulo à mobilização precoce com a proteção das estruturas operadas.

 

Principais cuidados no pós-operatório de cirurgia cervical

1. Proteção da coluna cervical

  • Uso de colar cervical: conforme orientação médica, para limitar movimentos bruscos e proteger o local operado. O tempo de uso varia conforme o tipo de cirurgia:
    • Artroplastia: geralmente, uso curto ou nenhum.
    • Artrodese: pode ser necessário por 4 a 6 semanas.

Importante: o uso excessivo do colar pode levar a atrofia muscular, sendo essencial seguir rigorosamente as recomendações.

 

2. Manejo da dor e inflamação

  • Analgésicos e anti-inflamatórios: conforme prescrição médica.
  • Terapias complementares: compressas frias nos primeiros dias, seguidas de calor superficial, podem aliviar espasmos musculares.
  • Evitar automedicação: risco de mascarar sinais importantes ou provocar efeitos adversos.

 

3. Mobilização precoce e atividades

  • Deambulação: estimulada nas primeiras 24 horas, salvo contraindicações.
  • Movimentos do pescoço: devem ser suaves e progressivos, evitando rotações bruscas.
  • Atividades de impacto: proibidas até liberação médica (geralmente após 8-12 semanas).

Alerta: pacientes devem evitar carregar peso, dirigir e realizar atividades domésticas extenuantes nas primeiras semanas.

 

4. Prevenção de complicações específicas

  • Edema de vias aéreas: monitorar sinais de dificuldade respiratória; em casos graves, buscar atendimento médico imediato.
  • Disfagia: comum nos primeiros dias, geralmente transitória; preferir alimentação pastosa e hidratação adequada.
  • Infecção: manter curativo limpo e seco, observar sinais de infecção (vermelhidão, calor, secreção).

 

5. Cuidados com a ferida operatória

  • Higiene local: conforme orientação médica, geralmente mantendo o curativo até retirada dos pontos.
  • Retirada de pontos: em torno de 10 a 14 dias, dependendo da cicatrização.
  • Exposição solar: evitar exposição direta da cicatriz nos primeiros meses, para prevenir alterações estéticas.

 

6. Fisioterapia e reabilitação

  • Início da fisioterapia: geralmente após 2 a 4 semanas, conforme avaliação médica.
  • Objetivos:
    • Fortalecimento da musculatura cervical e escapular.
    • Reeducação postural.
    • Melhora da amplitude de movimento e propriocepção.
  • Técnicas: exercícios terapêuticos, mobilização manual suave, eletroterapia analgésica.

 

Sinais de alerta no pós-operatório

Pacientes devem ser orientados a buscar atendimento médico imediato em caso de:

  • Dor intensa ou progressiva, não aliviada com analgesia convencional.
  • Sinais de infecção na ferida operatória.
  • Disfagia importante ou dispneia.
  • Déficits neurológicos novos, como formigamento, fraqueza ou alteração da marcha.

A detecção precoce de complicações é essencial para evitar desfechos adversos.

 

Prognóstico funcional após cirurgia cervical

A maioria dos pacientes submetidos a cirurgias da coluna cervical evolui com melhora significativa da dor e da função, especialmente quando há adesão aos cuidados pós-operatórios.

Em geral:

  • Retorno às atividades cotidianas leves: entre 2 a 4 semanas.
  • Retorno ao trabalho físico ou esportes: após 3 a 6 meses, conforme evolução e tipo de cirurgia.

A reabilitação adequada e a educação postural são determinantes para a manutenção dos bons resultados a longo prazo.

 

Papel ativo do paciente na recuperação

A cirurgia cervical é apenas uma etapa do tratamento. O sucesso terapêutico depende do compromisso do paciente com os cuidados pós-operatórios, da realização de fisioterapia orientada e do seguimento regular com a equipe médica.

A orientação clara, a comunicação eficiente e a parceria entre paciente e profissional são fundamentais para evitar complicações e garantir a plena recuperação.

Na Clínica Vertebrata, nossa equipe oferece acompanhamento especializado em todas as fases do tratamento da coluna cervical, com foco na prevenção de complicações e na reabilitação funcional. Agende sua consulta e conte com nossa experiência.

 

Médico neurocirurgião especialista em tratamentos da coluna vertebral, é membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Academia Brasileira de Neurocirurgia e Sociedade Brasileira de Coluna, bem como da North American Spine Society e Spinal Artroplasty Society.


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