Lombalgia: entenda tudo sobre o problema

27 de maio de 2024 | sem comentário | Categoria(s): coluna lombar

A dor lombar, também chamada de lombalgia, é uma queixa comum que afeta homens e mulheres em diferentes momentos da vida. Essa condição pode ter um impacto significativo na qualidade de vida e na capacidade de realizar atividades diárias.

 

O que é a lombalgia?

A lombalgia, também conhecida como Dor Lombar Crônica, é caracterizada pela dor que ocorre na região que vai da décima segunda costela até o sulco interglúteo. Essa condição pode ser acompanhada de dor que se irradia para uma ou ambas as nádegas, ou para as pernas seguindo a distribuição do nervo ciático (dor ciática).

Como mencionado anteriormente, esse problema é bastante comum na população em geral. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é provável que a maioria dos adultos experimente pelo menos um episódio de lombalgia durante a vida, sendo a faixa etária mais afetada entre 35 e 55 anos.

 

Sintomas

A dor é o principal sinal da lombalgia. Abaixo estão alguns dos sintomas mais comuns:

– Dor que surge de forma abrupta na região lombar;

– Ocasional irradiação da dor para os glúteos e/ou coxas, podendo se estender até os joelhos;

– A dor nas costas é mais intensa do que nas coxas;

– O desconforto se intensifica com movimentos, como sentar-se, levantar objetos, parar abruptamente ou inclinar-se;

–  Geralmente é aliviado pelo repouso e pela aplicação de calor local;

– Histórico de fatores psicológicos e estressores relacionados ao trabalho;

– Em alguns casos, pode haver histórico de lesões mecânicas ou traumas anteriores, incluindo fraturas.

Lombalgia

O que pode causar dor lombar?

A dor lombar pode ter várias origens, algumas das quais podem ser complexas. No entanto, na maioria dos casos, não é considerada uma condição grave.

Aqui estão algumas das principais causas associadas a essa condição:

 

Má postura

A má postura é uma das principais causas de dor lombar. Ao sentar, deitar, dormir, abaixar-se ou carregar objetos pesados, a postura inadequada pode exercer pressão excessiva na região lombar, resultando em desconforto e dor. Por exemplo, a má postura ao sentar pode sobrecarregar o cóccix, localizado na parte inferior da coluna, levando a desconforto na região lombar. Para prevenir a dor lombar relacionada à má postura, é recomendado realizar alongamentos e pausas regulares, especialmente para aqueles que passam muito tempo sentados. Fortalecer os músculos lombares e abdominais também é importante para fornecer suporte à coluna lombar.

 

Obesidade

A obesidade é um fator que contribui para o desenvolvimento da dor lombar. O excesso de peso exerce pressão adicional na coluna vertebral, especialmente na região lombar. Quando uma pessoa está acima do peso, especialmente na região abdominal, ocorre um desequilíbrio na distribuição do peso corporal, o que coloca pressão excessiva nos músculos, ligamentos e estruturas da coluna lombar, aumentando o risco de dor e lesões.

 

Doenças reumáticas

As doenças reumáticas abrangem uma ampla gama de condições que afetam as articulações, ossos, músculos, tendões e ligamentos. Entre os exemplos de doenças reumáticas, destacam-se a artrose, a artrite reumatoide e a espondilite anquilosante. A dor lombar crônica relacionada a essas condições pode variar em intensidade e frequentemente está acompanhada de outros sintomas, como rigidez matinal, inchaço articular e limitação funcional. O diagnóstico dessas condições é, portanto, geralmente feito por meio da análise do histórico familiar, exame físico detalhado e utilização de exames de imagem, como ressonância magnética, radiografia, densitometria óssea e tomografia computadorizada.

 

Hérnia de disco

A hérnia de disco ocorre quando um disco da coluna vertebral se desloca de sua posição normal, comprimindo as raízes nervosas adjacentes e causando dor. Essa condição é frequentemente causada por desgaste gradual ou lesão na estrutura do disco. Uma hérnia de disco na região lombar pode causar dor intensa na parte inferior das costas, que pode se irradiar para as pernas. Felizmente, a maioria dos casos de hérnia de disco pode regredir com tratamento conservador e repouso, sem a necessidade de cirurgia. O diagnóstico é geralmente realizado por meio de exame físico e exames de imagem, como ressonância magnética, tomografia computadorizada e radiografia simples.

Escolha inadequada de colchão

A escolha inadequada de colchão pode contribuir para a dor lombar. Colchões muito macios tendem a não oferecer o suporte necessário para a coluna vertebral, resultando em uma postura inadequada durante o sono. Por outro lado, colchões muito duros podem não acomodar adequadamente os ombros e o quadril, causando desconforto e pressão excessiva nessas áreas. Consultar as tabelas de densidade de espuma, que relacionam o peso e a altura da pessoa, pode ser útil ao escolher o colchão ideal.

O que fazer ao sentir dores na lombar?

Se você sentir desconforto na lombar, procure imediatamente a orientação de um ortopedista especializado em coluna para identificar a origem do problema e determinar o melhor curso de tratamento. Além disso, um exame físico completo realizado pelo médico pode oferecer insights valiosos sobre a condição do paciente.

Em casos de dor lombar crônica, o médico pode solicitar exames de imagem, como radiografias ou ressonâncias magnéticas, para uma avaliação mais detalhada da região afetada. Esses exames ajudam a identificar uma variedade de condições subjacentes, desde desgastes nos discos intervertebrais até quadros de artrite, artrose e espondilolistese.

Embora a dor lombar seja uma queixa comum, os pacientes não devem ignorá-la. Identificar a causa subjacente da dor é fundamental para que o médico inicie o tratamento adequado e melhore a qualidade de vida a longo prazo. Portanto, é importante buscar assistência médica sempre que necessário e seguir as orientações do profissional de saúde para alcançar o alívio e a recuperação adequados.

 

Diagnóstico de lombalgia

O médico geralmente estabelece o diagnóstico e identifica as causas da dor lombar por meio de uma avaliação clínica minuciosa e da revisão cuidadosa da história do paciente durante a consulta.

No entanto, podem ser necessários em casos específicos em que se busca uma investigação mais detalhada para confirmar o diagnóstico de lombalgia ou para identificar possíveis causas subjacentes da dor.

O médico pode solicitar esses exames caso haja sinais de alerta, como déficits neurológicos, trauma grave, história de câncer ou outras condições que indiquem a necessidade de uma investigação mais aprofundada. Portanto, embora o médico não realize esses exames de imagem rotineiramente na primeira consulta, ele pode requisitá-los posteriormente, conforme necessário, para avaliar de forma mais precisa e abrangente a condição do paciente.

Tratamentos para lombalgia

O tratamento conservador, que não envolve cirurgia, é geralmente recomendado na maioria das situações e pode ser bastante eficaz. Aqui estão algumas abordagens comuns:

O médico pode prescrever anti-inflamatórios e analgésicos para aliviar a dor e facilitar a reabilitação. Em casos crônicos e refratários, ele também pode utilizar antidepressivos e anticonvulsivantes com segurança.

Fisioterapia: A fisioterapia desempenha um papel fundamental no tratamento da lombalgia. Além disso, pode incluir técnicas como aplicação de calor, gelo, acupuntura, terapia manual ou eletroestimulação. Além disso, recomendamos o exercício muscular ativo (cinesioterapia) e o treinamento cardiovascular para fortalecer a musculatura e melhorar a mobilidade. Embora coletes ou órteses lombares possam ajudar alguns pacientes, os profissionais de saúde devem usá-los com cautela para evitar o descondicionamento muscular. Além disso, o médico pode considerar o repouso temporário para aliviar a dor aguda, mas geralmente desencoraja o repouso a longo prazo. Em vez disso, ele prefere a recuperação ativa, incentivando o retorno gradual às atividades diárias e ao movimento.”

 

Outras formas de tratamento da lombalgia

Em alguns casos específicos, podem ser necessárias intervenções mais invasivas ou cirúrgicas, como:

  • Infiltrações articulares
  • Bloqueios nervosos
  • Radiofrequência
  • Laser

Como prevenir a lombalgia

Aqui estão algumas medidas preventivas importantes:

  1. Mantenha uma postura adequada ao sentar-se: Evite curvar-se e mantenha as costas retas ao trabalhar ou estudar por longos períodos. Use uma cadeira confortável que ofereça suporte adequado para a coluna.
  2. Evite permanecer curvado por longos períodos: Faça pausas regulares para alongar-se e movimentar-se, especialmente se você passa muito tempo sentado ou realizando atividades que exigem flexão repetitiva da coluna.
  3. Tome cuidado ao levantar objetos pesados: Ao levantar pesos, certifique-se de dobrar os joelhos e manter as costas retas. Distribua o peso uniformemente e evite movimentos bruscos que possam sobrecarregar a coluna.
  4. Pratique regularmente exercícios físicos: Atividades como ginástica, natação, caminhadas, ioga ou pilates ajudam a fortalecer os músculos das costas, abdominais e pernas, promovendo uma coluna mais saudável e resistente.
  5. Realize alongamentos frequentes: Dedique um tempo para fazer alongamentos, especialmente focando na região lombar e nos músculos das costas. Isso pode ajudar a reduzir a rigidez muscular e a tensão na região lombar.
  6. Escolha um colchão adequado: Evite colchões muito macios ou muito duros, pois podem causar desconforto e afetar a postura durante o sono. Opte por um colchão que ofereça suporte suficiente para a coluna, mantendo-a alinhada durante o descanso.

Ao adotar essas medidas preventivas, é possível reduzir significativamente o risco de desenvolver dor lombar e promover a saúde da coluna vertebral a longo prazo.

 

Médico neurocirurgião especialista em tratamentos da coluna vertebral, é membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Academia Brasileira de Neurocirurgia e Sociedade Brasileira de Coluna, bem como da North American Spine Society e Spinal Artroplasty Society.


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