Episódio 4 – “Mas eu não quero operar.” Série: Dor na Coluna — O Que Você Precisa Saber Antes de Desistir
14 de agosto de 2025 | sem comentário | Categoria(s): Sem categoria
Episódio 4 – “Mas eu não quero operar.”
Série: Dor na Coluna — O Que Você Precisa Saber Antes de Desistir
Introdução: o medo da cirurgia — humano, legítimo e compreensível
“Doutor… eu não quero operar.”
Essa frase já foi ouvida milhares de vezes ao longo da minha vida como neurocirurgião.
E a minha resposta costuma ser simples:
Perfeito. Nem eu quero operar você.
Porque na medicina moderna — especialmente no tratamento da coluna — a cirurgia deixou de ser o primeiro passo.
Ela não é castigo, nem ameaça, nem sentença.
Cirurgia é ferramenta. E das mais valiosas.
Mas só deve ser usada quando:
- A indicação é clara
- O diagnóstico é preciso
- A confiança é mútua
A imagem da cirurgia que ficou no passado
Durante muito tempo, o imaginário popular construiu uma figura dramática da cirurgia da coluna:
- Cortes grandes
- Longa internação
- Recuperação lenta e dolorosa
- Risco elevado de sequelas
- Necessidade de “parar a vida” por meses
Esses medos foram reforçados por histórias de parentes, conhecidos ou experiências ruins no passado.
Resultado: um medo paralisante.
Pacientes chegam ao consultório com dor crônica incapacitante dizendo:
“Doutor, eu faço qualquer coisa… menos operar.”
Mas o que muitos ainda não sabem é que a cirurgia da coluna evoluiu — e muito.
A revolução silenciosa: cirurgia minimamente invasiva da coluna
Graças à tecnologia, ao refinamento técnico e à experiência acumulada, hoje é possível tratar muitas doenças da coluna com procedimentos minimamente invasivos, como:
Endoscopia de Coluna
- Incisão de menos de 1 cm
- Microcâmera acessa a coluna com precisão
- Remoção direta da hérnia ou descompressão do nervo
- Alta no mesmo dia
- Retorno precoce às atividades
Bloqueios diagnósticos e terapêuticos
- Injeções com anestésicos e anti-inflamatórios guiadas por imagem
- Aliviam a dor e ajudam a localizar a origem do problema
- Realizadas em ambiente ambulatorial
Denervação por radiofrequência
- Procedimento para dores crônicas nas articulações da coluna
- Realizado com anestesia local
- Interrompe seletivamente os sinais de dor enviados pelos nervos sensitivos
Essas técnicas trazem:
- Menor dor no pós-operatório
- Menor risco
- Recuperação mais rápida
- Tratamento da causa, e não apenas do sintoma
O que define se uma cirurgia será necessária?
A decisão de operar depende de fatores bem definidos:
- Compressão nervosa identificável (hérnia, estenose, espondilolistese etc.)
- Sintomas persistentes e incapacitantes que não melhoram após >6 semanas de tratamento conservador
- Comprometimento da qualidade de vida, sono, trabalho, locomoção
- Evolução com perda de força muscular ou alterações neurológicas (em alguns casos, urgência cirúrgica)
Não é a imagem da ressonância que define a cirurgia.
É a combinação entre exame clínico, imagem e história do paciente.
Mas então… quando operar?
Essa é uma das perguntas mais delicadas — e importantes.
A resposta envolve diálogo, não imposição.
Eu proponho cirurgia apenas quando:
- Já esgotamos os caminhos conservadores (fisioterapia, medicação, bloqueios)
- Existe uma compressão anatômica clara e correlacionada com os sintomas
- O paciente está perdendo qualidade de vida de forma progressiva
- A intervenção trará mais benefícios do que riscos
E mesmo assim, a decisão final é sempre do paciente.
E quando operar é evitar um problema maior?
Alguns pacientes adiam a cirurgia por medo — e o problema se agrava.
O que era uma hérnia simples, tratável por endoscopia, evolui para uma compressão severa com inflamação crônica do nervo.
Já acompanhei casos de dor lombar ignorada por anos que evoluíram para síndrome da caldequina — uma emergência cirúrgica grave que pode causar:
- Perda de controle urinário
- Disfunção sexual
- Déficits motores permanentes
O tempo é parte do tratamento.
A decisão de não operar hoje pode ser correta — desde que acompanhada e reavaliada.
“Mas meu vizinho operou e piorou…” — a sombra dos maus exemplos
Sim, há casos reais de:
- Más indicações
- Técnicas desatualizadas
- Execução inadequada
E essas experiências assustam.
Mas um caso ruim não define a regra.
É como recusar tratamento cardíaco porque alguém teve complicações com um stent.
Na Clínica Vertebrata, o cuidado é:
- Personalizado
- Técnico
- Ético
Não propomos cirurgias por protocolo.
Propomos quando é o certo — e somente quando é o certo.
E se eu nunca quiser operar? Ainda posso ser tratado?
Com certeza.
Há muitos caminhos antes da cirurgia. E há casos em que ela nem é indicada.
Para esses pacientes, a Vertebrata oferece:
- Estratégias conservadoras estruturadas
- Programas de fortalecimento individualizado
- Controle da dor com bloqueios e técnicas minimamente invasivas
- Acompanhamento periódico com exames e reavaliações
Nosso objetivo é sempre o mesmo:
Aliviar a dor e devolver qualidade de vida.
Se for sem cirurgia, melhor ainda.
Conclusão: dizer “eu não quero operar” é o começo de uma conversa — não o fim dela
Você não está errado por sentir medo.
Você não é fraco por não querer operar.
Mas você também não precisa se prender a uma imagem antiga da cirurgia da coluna.
Hoje, operar pode significar:
- Voltar a andar
- Voltar a dormir
- Voltar a viver
E tudo isso com:
- Segurança
- Tecnologia
- Cuidado humano
Na Clínica Vertebrata, escutamos com empatia e agimos com precisão.
Se o melhor caminho for sem cirurgia, iremos por ele.
E se for com cirurgia, será a certa, na hora certa, pelo motivo certo.
Portanto, pode dizer com tranquilidade:
“Doutor, eu não quero operar.”
Porque aqui, isso nunca foi um problema.