Mielopatia cervical: o que é e como tratar

18 de setembro de 2018 | sem comentário | Categoria(s): coluna cervical, doenças da coluna

Causada pelo envelhecimento da coluna, a mielopatia cervical pode ser tratada com cuidados conservadores ou cirúrgicos

Assim como os demais órgãos do corpo humano, a coluna também envelhece –  e a mielopatia é um dos sintomas desse processo. Chamado de degeneração, o envelhecimento faz com que os discos intervertebrais percam altura e se desidratam, o que impulsiona um processo de artrose nas articulações facetárias, ocasionando a formação de osteófitos, protuberâncias ósseas que ocorrem próximas ao disco intervertebral. Esse conjunto de alterações pode levar à diminuição do canal vertebral, por onde a medula (parte do sistema nervoso central, responsável por levar informações do encéfalo para o corpo) espinhal passa.

O estreitamento do canal vertebral pode levar à compressão da medula espinhal e, consequentemente, à perda de função. E são os sintomas recorrentes dessa compressão da medula espinhal, causados pelo processo degenerativo da coluna, que são denominados mielopatia espondilótica cervical.

O que é mielopatia cervical?

Causada pela compressão da medula espinhal na altura do pescoço, a mielopatia cervical é a lesão da medula espinhal impulsionada pela “espondilose”, ou seja, a artrose cervical intervertebral que diminui o espaço ocupado pela medula no canal vertebral. Assim, a mielopatia pode se manifestar através de sintomas como fraqueza, perda de equilíbrio e até incontinência urinária.

Causas da mielopatia cervical

A processo de mielopatia cervical é ocasionado pela hipertrofia de ligamento, facetas articulares ou protusões de disco que levam à redução do espaço que a medula ocupa no canal vertebral.

Sintomas da mielopatia cervical

Os sinais da mielopatia cervical geralmente são evolutivos e começam com um quadro de alterações sensitivas, como amortecimento dos membros superiores. Tais alterações costumam evoluir até a dificuldade de realizar movimentos rotineiros com as mãos, como amarrar os cadarços dos sapatos.

Em seguida, pode ocorrer uma alteração motora com a diminuição de força, geralmente, também evolutiva. Já os sinais de reflexo aumentados são denominados de hiperreflexia e espasticidade, promovendo a sensação de rigidez ao paciente, responsável pela maioria dos casos de deambulação.

Além disso, pacientes com mielopatia cervical também podem apresentar:

  • Enrijecimento da musculatura, que é denominado hipertonia, principalmente nas pernas
  • Dificuldade para andar, para a marcha e para manipular objetos
  • Perda de força muscular e de sensibilidade nos quatro membros.
  • Alterações neurovegetativas, como dificuldade para reter urina ou para início da micção, também podem figurar na lista de sintomas da mielopatia cervical
  • Sensação de choque, queimação e formigamento com irradiação para os membros superiores também podem ocorrer
  • Hipersensibilidade cutânea (hiperpatia)

Entretanto, a dor nem sempre está presente. Na maioria dos casos, a  evolução dos sintomas costuma ser lentamente progressiva. Episódios de piora mais aguda podem ocorrer, principalmente relacionados a pequenos traumatismos.mielopatia cervical

Diagnóstico diferencial para a mielopatia cervical

Outros fatores que podem ocasionar a mielopatia, chamados de diagnóstico diferencial,  podem incluir:

  • Infecções
  • Tumores
  • Doenças neurodegenerativas
  • Patologias da transição occipito-cervical
  • Doenças desmielinizantes

Diagnóstico da mielopatia cervical

Para diagnosticar a mielopatia cervical, o médico especialista da coluna deverá solicitar um exame neurológico. Através dele, é possível evidenciar a perda de força muscular, alteração de sensibilidade térmica e dolorosa, de sensibilidade profunda, o que determina alterações do equilíbrio, bem como aumento dos reflexos (hiperrreflexia). Além disso, outro exame complementar indicado é a ressonância magnética, que irá evidenciar a presença de uma possível compressão medular.

Já a radiografia simples em flexão extensão também pode determinar a presença ou ausência de instabilidade da coluna, bem como seu alinhamento correto. Em alguns casos, pode ser necessária a realização de uma tomografia da coluna para a averiguação da presença de calcificações do ligamento longitudinal posterior que podem contribuir para o aparecimento dos sintomas, além de interferir na escolha do melhor tipo de tratamento.

Entenda os diferentes exames que podem ser solicitados no processo de diagnóstico de uma mielopatia cervical:

  • Exames neurofisiológicos: avaliam o comprometimento da medula e das raízes nervosas. É essencial para o diagnóstico diferencial
  • Tomografia: avalia a calcificação do disco, ligamentos, a presença de osteófitos e analisa também a hipertrofia das facetas articulares
  • Radiografia: é importante para a observação da curvatura da coluna cervical e o processo espondilótico
  • Ressonância magnética: checa a estrutura da coluna em relação aos tecidos moles e o grau de sofrimento medular.

Tratamentos para a mielopatia cervical

Após o diagnóstico, o tratamento conservador é o mais indicado quando os sintomas não estão evoluindo. Entre eles, estão

Medicamentos

Nesse tipo de tratamento, é recomendado o uso de anti-inflamatórios, que ajudam a eliminar a inflamação e as dores. Os corticoides também podem ser usados para reduzir o inchaço no local. Os medicamentos para mielopatia cervical também podem ser:

  • Anti-inflamatórios não esteróides
  • Corticosteróides
  • Rituximab quando a causa for autoimune;
  • Ibuprofeno, se a causa for espondilose cervical;
  • Baclofen nos casos de espasmos musculares

Imobilização externa: colar cervical

Responsável por imobilizar a área lesionada, o colar cervical atua como uma espécie de tratamento auxiliar. Essa imobilização impede que o quadro de mielopatia cervical se agrave de acordo com cada caso, de acordo com a recomendação médica.

Fisioterapia

De acordo com a gravidade do caso, o exercício e a fisioterapia são benéficos do que imobilizar a área lesionada. A fisioterapia vai além de casos pontuais: é um tratamento que visa auxiliar desde a redução dos sintomas da mielopatia cervical, até de outras regiões do corpo. Na fisioterapia, são utilizadas técnicas que envolvem reestruturação mecânica nas correções posturais, bem como técnicas descompressivas não invasivas.

Tratamento cirúrgico

Um profissional capacitado especializado em cirurgia da coluna é quem deverá indicar o tratamento cirúrgico da mielopatia cervical. O tratamento cirúrgico consiste na descompressão da medula com o aumento do espaço do canal medular associado à estabilização e alinhamento da coluna cervical.

A melhor forma e a extensão para que essa descompressão seja realizada deverá ser indicada de forma individualizada seguindo as alterações encontradas nos exames de cada paciente. As cirurgias podem ser realizadas via posterior, quando são denominadas de laminectomia, ou por via anterior pela remoção dos discos; e até mesmo pelo corpo vertebral.

Em alguns casos podem demandar a estabilização da coluna com a utilização de instrumentos como placas e parafusos de titânio. Às intervenções cirúrgicas realizadas por um profissional experiente são seguras, com risco de complicação neurológica em menos de 1% dos pacientes.


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