Episódio 1 – “Se operar a coluna, vai ficar paralítico.” Verdade ou mito? Série: Desmentindo mitos sobre dor e cirurgia da coluna
19 de agosto de 2025 | sem comentário | Categoria(s): Sem categoria
Episódio 1 – “Se operar a coluna, vai ficar paralítico.” Verdade ou mito?
Série: Desmentindo mitos sobre dor e cirurgia da coluna
Introdução
Essa frase ainda assombra muitos pacientes:
“Conheço alguém que operou a coluna e ficou paralítico.”
“Dizem que se mexer na coluna, nunca mais anda.”
“Tenho medo de acordar da cirurgia sem sentir as pernas.”
Se você já pensou ou ouviu algo assim, saiba:
esse medo é compreensível — mas ele é baseado em mitos, não em fatos.
Neste post, vamos desmistificar de uma vez por todas essa ideia.
E mostrar por que a cirurgia de coluna, quando bem indicada e realizada por especialistas, é segura, precisa e cada vez mais minimamente invasiva.
De onde vem esse medo?
Historicamente, a cirurgia de coluna era considerada de alto risco.
E com razão: há 40, 50 anos, os recursos eram limitados. As técnicas eram agressivas, a anestesia era menos segura, e a imagem cirúrgica era imprecisa.
Casos mal indicados, cirurgias muito invasivas ou realizadas por profissionais sem especialização em coluna realmente resultavam, às vezes, em sequelas graves.
Mas a medicina evoluiu. E muito.
Hoje, vivemos a era da cirurgia minimamente invasiva, com:
- Microcâmeras endoscópicas
- Técnicas guiadas por imagem em tempo real
- Cortes de apenas 7 mm
- Internações curtas
- Anestesia mais segura
- Recuperações rápidas
O risco de “ficar paralítico” em uma cirurgia moderna e bem indicada é baixíssimo. Muito menor, inclusive, do que o risco de ficar com sequelas permanentes por não tratar a doença.
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Vamos aos fatos: o que realmente causa paralisia?
Paralisia ocorre quando há lesão direta ou compressão grave e prolongada de estruturas neurológicas.
As principais causas de paralisia por problemas na coluna são:
- Tumores não tratados
- Hérnias extrusas volumosas que comprimem a medula por semanas ou meses
- Estenose severa com comprometimento medular crônico
- Síndrome da caldequina (emergência neurocirúrgica)
Agora, veja:
não é a cirurgia que causa paralisia.
Na maioria dos casos, é a falta da cirurgia que aumenta esse risco.
Esperar demais, insistir em tratamentos paliativos quando a causa do problema é cirúrgica — isso sim pode levar a sequelas.
Cirurgia é última opção — mas às vezes é a melhor
Aqui na Clínica Vertebrata, nosso protocolo é claro:
- Tratamos com fisioterapia, analgesia, acupuntura, RPG e bloqueios
- Acompanhamos a evolução do quadro com exames modernos
- Só indicamos cirurgia quando existe compressão mecânica identificada e refratária ao tratamento clínico
E, mesmo assim, a maior parte das cirurgias que realizamos são minimamente invasivas.
Com a endoscopia de coluna, por exemplo:
- O corte é menor que o de uma punção venosa
- O nervo é descomprimido com precisão milimétrica
- O paciente caminha no mesmo dia
- O risco de lesão neurológica é extremamente baixo
Mas… e aquele caso do conhecido que ficou mal depois da cirurgia?
Vamos conversar com franqueza:
Em qualquer área da medicina, existe risco.
Cirurgias cardíacas, abdominais, oftalmológicas — todas têm chances de complicações.
No entanto, é importante entender:
- Nem todo caso de dor ou fraqueza pós-operatória é paralisia
o Pode ser dor transitória, inflamação do nervo, fibrose, ou recuperação incompleta
- Muitos pacientes operam em estágios muito avançados da doença
o Nesses casos, parte do dano pode já ser irreversível
- Cirurgias mal indicadas, ou realizadas por equipes sem expertise em coluna, aumentam os riscos
o Por isso, escolher um especialista em cirurgia de coluna é essencial
Na maioria dos casos, a cirurgia é o que evita a progressão do quadro e permite retomar a vida.
E quando realmente existe risco de déficit motor?
Sim, existem casos de cirurgias complexas, em que o risco neurológico é maior — como tumores intrarraquidianos, deformidades graves ou revisões múltiplas.
Mas mesmo nesses casos:
- O paciente é previamente informado
- A cirurgia é planejada com ressonâncias 3D, tomografias e exames neurológicos
- Toda a equipe é treinada para proteger ao máximo as estruturas neurais
E mais importante:
o risco nunca será maior do que o de não operar.
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Operar a coluna não é uma sentença — é uma solução
Paralisia por cirurgia de coluna é um mito que já deveria ter sido sepultado.
Ele sobrevive mais pela força do medo do que pela força dos fatos.
Hoje, com técnicas como a endoscopia de coluna, a microcirurgia, a monitorização intraoperatória, os avanços em anestesia e os cuidados individualizados, a cirurgia deixou de ser o “bicho-papão” da medicina.
E passou a ser o que ela sempre deveria ter sido:
Um caminho seguro para quem precisa de alívio — e não de medo.