Acidentes de trânsito estão entre os principais causadores de traumas na coluna

4 de maio de 2021 | sem comentário | Categoria(s): cirurgia da coluna

Acidentes de trânsitoOs acidentes de trânsito estão entre os principais causadores de traumas na coluna, seguido por ferimentos provocados por armas de fogo e quedas de laje. Ainda que o Código de Trânsito Brasileiro(CTB) obrigue o uso de cinto de segurança para quem trafega de carro e o capacete para aqueles transitam de moto, elementos essenciais para minimizar consequências graves em acidentes, muitos ainda se mostram resistentes ao uso.

Na ausência desses itens, as probabilidades de sequelas graves aumentam significativamente, pois com o corpo em movimento aumenta a pressão sobre a coluna, situação que pode aumentar o nível de lesão nessa área em caso de uma colisão.

Segundo um levantamento feito em 2016, 20% dos pacientes que se recuperar dos traumas e receberam alta dos hospitais seguiram com sequelas.

Como ocorrem os traumas na coluna das vítimas?

A coluna é formada por pequenos blocos de ossos por onde passa o cordão medular.  Essa região é cercada por diversos nervos que transmitem mensagens do cérebro para os membros do corpo. Além desses comandos para os braços e pernas, outros também fazem parte canal de nervos como para o abdômen e alguns órgãos vitais e sistema respiratório. Um impacto nessa área do corpo pode trazer sérias complicações e em alguns casos até a morte.

Qual é a estrutura da coluna vertebral?

Ela é formada por 33 vértebras. São sete cervicais(C1, C2, C3, C4, C5 C6, C7), doze torácicas T1 a T12, cinco lombares(L1, L2, L3, L4, L5), mais cinco sacrais e quatro coccígeas. Toda essa estrutura é mantida por ligamentos e pelo disco cartilaginoso que faz o papel de amortecedor de impactos. E ainda, no interior das vértebras passa o canal que passa a medula nervosa que leva sinais até o cérebro.

Quais são as áreas mais delicadas da coluna?

As consequências dos traumas na coluna estão relacionadas a região que é afetada. Se a lesão ocorrer abaixo da sexta vértebra cervical, a vítima não tem os movimentos dos braços interrompidos. Porque nesse caso área que manda mensagem para o cérebro não é atingida. Contudo, esse paciente já não conseguirá movimentar as pernas.

Já os acidentes que chegam a atingir acima da 6 vértebra deixa o indivíduo paraplégico. Ou quando fere a vítima acima da C4 interrompe a respiração e esse sistema é impactado no mesmo momento. Nesse tipo de ocorrência a vítima vai a óbito.

Casos dessa gravidade normalmente ocorrem quando os veículos estão em alta velocidade e os integrantes não estão usando o cinto de segurança adequadamente ou até mesmo quando não usam. Nos motoristas de veículos leves que usam o cinto de segurança de dois pontos a área mais exposta a lesões é a torácica, pois o cinto só consegue manter seguro a região da barriga e não impede que não seja jogado para frente nos acidentes e nem quando há freadas bruscas.

No caso dos motociclistas, as lesões são mais frequentes no plexo braquial. É o local onde fica um conjunto de nervos que sem da coluna cervical e dão força e sensibilidade aos braços.

Como são os tratamentos dos pacientes?

Quando no acidente ocorre o deslocamento da vértebra da vítima fazendo com que a medula seja atingida, o paciente precisa passar por um processo cirúrgico rapidamente para que essa pressão seja retirada e a estrutura óssea volte ao alinhamento natural. Isso nos casos mais simples.

Em eventos em que há um deslocamento parcial da medula, o paciente ainda consegue ter alguns movimentos e funcionalidades preservadas. Como, por exemplo, em suas funções sexuais, sensibilidade e controle da urina.

Já quando ocorre a ruptura estrutural da medula, não há procedimentos que possam corrigir os efeitos desse tipo de lesão e a vítima sofre com graves sequelas. Devido ao trauma ocasionado pelos acidentes, alguns pacientes chegam a perder o desejo e atividade sexual. O que pode ter melhoras através de tratamentos específicos.

Médico neurocirurgião especialista em tratamentos da coluna vertebral, é membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Academia Brasileira de Neurocirurgia e Sociedade Brasileira de Coluna, bem como da North American Spine Society e Spinal Artroplasty Society.


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