Anatomia da coluna: Região cervical

2 de junho de 2020 | sem comentário | Categoria(s): coluna cervical, coluna vertebral, dor na coluna, dor no corpo, dores nas costas, tratamento dor nas costas, tratamento para coluna, vertebrata

Hoje iniciamos uma série de quatro textos que irão abordar cada divisão da coluna vertebral, com suas características e patologias mais frequentes.

Quando o assunto é dor na coluna, muitas vezes, as pessoas não sabem aspectos básicos como identificar qual região das suas costas é a origem da dor.

Por isso, vamos começar pela primeira parte da coluna vertebral, que é a coluna cervical. Não sem antes trazermos alguns aspectos gerais sobre o assunto.

Confira!

A coluna vertebral

A coluna vertebral é composta por diversas estruturas importantes para a nossa sustentação, flexibilidade e mobilidade, entre elas:

Medula espinhal: A medula espinhal é responsável por conduzir os impulsos do cérebro para todas as partes do corpo. Juntos, eles compõem o Sistema Nervoso Central.

Nervos: Os nervos fazem parte do Sistema Nervoso Periférico e têm como função realizar a ligação do Sistema Nervoso Central com os órgãos do nosso corpo.

Músculos: Os músculos são os tecidos responsáveis por dar movimento e força ao esqueleto. São ligados aos ossos através dos tendões.

Ligamentos: Os ligamentos são fixados aos ossos com o objetivo de dar estabilidade e firmeza para as articulações e são constituídos, principalmente, de colágeno.

Articulações: As articulações conectam dois ou mais ossos e podem ser móveis ou imóveis. As articulações móveis, como o joelho e a própria coluna vertebral, possuem cartilagem e líquido lubrificante.

Discos intervertebrais: Os discos intervertebrais ficam localizados entre as vértebras da coluna e é constituído por um anel fibroso (composto por cartilagem) e um núcleo pulposo (composto por ácido hialurônico). Sua principal função é absorver os impactos e distribuir o peso que a coluna recebe todos os dias.

A coluna vertebral corresponde a dois quintos do nosso peso corporal total.

A região cervical

As vértebras cervicais ficam localizadas no começo da coluna, a partir do pescoço e são nomeadas de C1 até C7. As vértebras cervicais são as que têm menor tamanho na coluna vertebral.

As duas primeiras vértebras têm nomes específicos: Atlas e Áxis.

O nome Atlas faz referência ao titã da mitologia grega que foi condenado por Zeus, pai dos deuses, a sustentar os céus para sempre.

Assim como a estátua de Atlas sustenta o planeta nos braços, a vértebra Atlas sustenta nossa cabeça e trabalhando junto com a vértebra Áxis, permite que nossa cabeça se movimente para todos os lados.

A vértebra Áxis recebeu esse nome, justamente, por formar um eixo de rotação para a cabeça em conjunto com a Atlas e se diferencia das demais por possuir uma espécie de “dente”, que possibilita essa mobilidade.

As vértebras Atlas e Áxis são as únicas da região cervical que não possuem disco intervertebral entre elas.

Outra vértebra que merece destaque é a C7, chamada de vértebra proeminente, pois possui um processo espinhoso mais longo que as demais.

Patologias

Existem diversos tipos de doenças e lesões que podem acometer a região cervical da coluna vertebral, entre as principais estão:

Espondilite anquilosante: A espondilite anquilosante é uma doença reumática que causa inflamação das articulações da coluna, provocando rigidez vertebral, perda de mobilidade e deformidade articular progressiva.

Essa patologia pode ser acompanhada de algumas manifestações extra-articulares, como inflamação nos olhos ou até mesmo problemas cardíacos.

A espondilite anquilosante, com o tempo, pode causar a fusão de alguns dos pequenos ossos da coluna (as vértebras). Essa fusão vai tornando a coluna menos flexível e pode levar ao desalinhamento postural.

Geralmente o problema afeta mais homens do que mulheres, e seus sinais começam a se manifestar no início da fase adulta.

Não há cura para a espondilite anquilosante, mas os tratamentos podem diminuir os sintomas e possivelmente minimizar a progressão da doença.

No entanto, se não tratada, a doença pode evoluir para a perda dos movimentos da coluna vertebral causada pelos anos de inflamação. Nesses casos, se faz necessária uma intervenção cirúrgica.

Na região cervical, os locais mais atingidos pela espondilite anquilosante estão entre as vértebras C6 e C7.

Osteoartrose: Também chamada apenas de artrose, consiste em uma inflamação das articulações da coluna vertebral, causando dores semelhantes as da osteoartrose nos quadris e no joelho.

Nesse caso, a cartilagem começa a se degenerar pelo envelhecimento natural ou por traumas na coluna.

Outro fator que pode contribuir para a artrose é uma doença chamada espondilolistese, que ocorre quando as vértebras da coluna começam a deslizar umas sobre as outras.

Na região cervical, os locais mais atingidos pela osteoartrose estão entre as vértebras C4 e T1 (a primeira da região torácica).

Hérnia de disco: A hérnia de disco é uma das lesões mais comuns da coluna vertebral. Ela acontece quando o núcleo do disco intervertebral sofre um vazamento por conta de desgastes, fissuras ou deslocamento, gerando as dores na coluna.

Na região cervical, os locais mais atingidos por hérnias estão entre as vértebras C5-C6 e C6-C7.

Praticantes de esportes que utilizam capacetes pesados, sofrem constantes impactos na cabeça ou flexionam muitas vezes o pescoço podem desenvolver hérnias cervicais, além de outras atividades na parte doméstica, como aspirar, varrer e passar rodo, por exemplo.

O diagnóstico é feito através de exames de imagem e o tratamento pode ser feito com uso de anti-inflamatórios, repouso e fisioterapia. Conforme a gravidade, é necessária uma intervenção cirúrgica para descompressão do nervo afetado pelo disco.

Artrite reumatoide: A artrite reumatoide é uma doença auto-imune, em que o sistema imunológico ataca células saudáveis do corpo. Nesse caso, ele ataca o tecido que reveste as articulações, chamado de sinóvia.

Na medida que avança, a artrite reumatoide pode causar erosão do osso e deformidade da articulação, ocasionando na limitação da movimentação do paciente para atividades cotidianas. Em casos mais graves, pode afetar órgãos internos.

A predisposição genética é a principal causa da doença, que também pode afetar órgãos como rins e pulmões, além do coração.

Entre os principais sintomas, estão rigidez matinal; fadiga; perda de peso; falta de apetite; febre baixa e inchaço das juntas, acompanhado de dor, sensação de calor e vermelhidão.

A artrite reumatoide pode acometer pessoas de todas as idades, desde crianças até idosos, porém, mulheres entre 50 e 70 anos são as que mais sofrem com a doença.

Ainda não existe cura, porém, com tratamento médico, é possível ter uma qualidade de vida satisfatória.

Na região cervical, os locais mais atingidos pela artrite reumatoide estão entre as vértebras C1 (Atlas) e C2 (Áxis).


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