Espondilite anquilosante: sintomas, causas e tratamento

13 de fevereiro de 2024 | sem comentário | Categoria(s): Sem categoria

A espondilite anquilosante surge como uma forma de inflamação que atinge os tecidos conjuntivos, destacando-se pela sua influência nas articulações da coluna vertebral e nas grandes articulações, como quadris, ombros e outras áreas do corpo.

Além disso, a espondilite anquilosante é uma doença crônica e autoimune, caracterizada pela inflamação persistente que impacta as articulações do esqueleto axial, incluindo crânio, caixa torácica e coluna vertebral, especialmente. Além disso, articulações de grande porte, como ombros, quadril e joelhos, também podem ser afetadas. Assim, quando não tratada, essa condição pode evoluir para níveis incapacitantes e, em casos mais graves, manifestar-se em órgãos como os olhos, coração, pulmões, intestinos e pele.

espondilite anquilosante

A condição autoimune se manifesta quando o sistema imunológico direciona suas defesas contra células e tecidos saudáveis do corpo, erroneamente identificando-os como invasores.

Inicialmente, as articulações da coluna e sacroilíacas (localizadas entre a base da coluna e o quadril) são frequentemente os pontos de impacto. Na coluna vertebral, a doença se caracteriza pela fusão de vértebras resultante da inflamação das articulações, tornando-a menos flexível, rígida e inclinada para frente.

 

Definição de Espondilite

O termo “espondilite” refere-se à inflamação da coluna, enquanto “anquilosante” indica o processo de fusão. Assim, com o decorrer do tempo, a doença pode avançar para a parte superior da coluna, tórax e pescoço. Isso pode levar à fusão de articulações e ossos (vértebras), resultando em uma coluna verdadeiramente rígida e inflexível. Além disso, outras articulações, como quadris, ombros, joelhos ou tornozelos, também podem ser afetadas por esse processo.

  • Trata-se de uma condição crônica, e a intensidade dos sintomas e da limitação varia de pessoa para pessoa. Entretanto, identificar precocemente e aplicar um tratamento adequado pode desempenhar um papel fundamental no controle da dor e da rigidez, bem como na prevenção ou redução de futuras deformidades.

 

  • Manifestações como dor persistente nas articulações, rigidez nas costas e inflamação ocular são recorrentes. O diagnóstico é estabelecido com base nos sintomas apresentados, exames radiográficos e critérios específicos.

 

  • O uso de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides é comum, e em alguns casos, a sulfassalazina ou o metotrexato podem ser prescritos para aliviar a artrite nos membros. Agentes biológicos, incluindo medicamentos que inibem o fator de necrose tumoral, revelam-se altamente eficazes no tratamento da artrite que afeta tanto a coluna quanto os membros.

 

Sintomas da doença

Na espondilite anquilosante, fases de inflamação levemente moderada podem intercalar com períodos de praticamente ausência de sintomas.

 

Dor nas costas

A manifestação mais frequente é a presença de dor na região das costas.

A intensidade da dor nas costas varia entre episódios e de pessoa para pessoa. Geralmente, a dor é mais acentuada durante a noite e nas primeiras horas da manhã. Assim, a rigidez matinal, que diminui com a atividade, é uma característica bastante prevalente. Quando inclinados para frente, muitos experimentam alívio da dor na região lombar e dos espasmos musculares associados. Consequentemente, aqueles que não recebem tratamento frequentemente desenvolvem uma postura curvada, que pode progredir e tornar-se permanente. Por outro lado, em alguns casos, a coluna adquire uma aparência notavelmente reta e inflexível.

Eventualmente, a dor nas costas pode ser acompanhada por perda de apetite, redução de peso, fadiga excessiva e anemia. Se as articulações que ligam as costelas à coluna estiverem inflamadas, a dor pode comprometer a expansão do tórax para respiração profunda. A fusão (rigidez) da coluna pode limitar ainda mais a capacidade de expandir a parede torácica.

 

Outras regiões doloridas

Em algumas ocasiões, a dor inicialmente se manifesta em articulações de grande porte, como quadris, joelhos e ombros. Além disso, cerca de um terço das pessoas experimenta episódios intermitentes de inflamação nos olhos (uveíte), geralmente de intensidade leve, mas que, se tratados imediatamente, geralmente não afetam a visão.

Em certos casos, a inflamação afeta uma válvula cardíaca, resultando em danos permanentes ou outros problemas relacionados ao coração e à aorta.

Se as vértebras danificadas comprimirem os nervos na coluna, sintomas como dormência, fraqueza ou dor podem surgir na área suprida pelos nervos afetados. Raramente, a síndrome da cauda equina pode se desenvolver quando impacta-se os nervos que saem da parte inferior da medula espinhal.

Complicações pulmonares, incluindo tosse, hemoptise (tosse com sangue) e dispneia (falta de ar), são raras, mas podem surgir.

Além disso, distúrbios musculares, como tendinite do tendão de Aquiles, fascite plantar e tendinite patelar, podem se manifestar. Dessa forma, a dactilite (inchaço doloroso dos dedos em forma de salsicha) também pode se desenvolver nas mãos ou nos pés.

 

espondilite anquilosante

 

O que pode causar a espondilite anquilosante?

A causa da espondilite anquilosante é de origem desconhecida. Mas sabe-se que é mais frequente em homens do que nas mulheres, na faixa etária entre 20 e 40 anos.

Também, a probabilidade da espondilite anquilosante é maior se houver casos na família. Estudos apontam que 90% dos pacientes brancos com espondilite anquilosante, herdam um marcador genético denominado HLA-B27.

Como é diagnosticada?

A espondilite anquilosante é diagnosticada por meio de uma avaliação integrada que leva em conta os sintomas apresentados, os resultados de exames sanguíneos e as observações radiográficas nas articulações da região sacroilíaca.

Nenhum desses componentes, por si só, proporciona um diagnóstico definitivo. No entanto, a compilação dos resultados contribui para a suspeita da doença ou para a exclusão de outras condições que podem se assemelhar à espondilite anquilosante.

Recomenda-se encarecidamente procurar a orientação de um médico especialista em coluna, que será capaz de realizar uma análise abrangente do quadro clínico e, com base nisso, prescrever o tratamento mais adequado.

Em suma, o diagnóstico precoce desempenha um papel crucial na prevenção da progressão da doença e na mitigação de complicações potenciais. Consultar um profissional de saúde nos estágios iniciais dos sintomas é essencial para iniciar um manejo eficaz da condição, oferecendo melhores perspectivas de qualidade de vida a longo prazo.

 

Complicações da espondilite anquilosante

Pessoas enfrentando a espondilite anquilosante experimentam uma ampla gama de resultados, variando desde total independência até uma possível deficiência mínima em sua qualidade de vida. No entanto, para alguns, a situação pode tornar-se severamente incapacitante, especialmente quando ocorre a fusão dos ossos da coluna em uma posição fixa e danos em outras articulações, como quadris ou joelhos.

A espondilite anquilosante não se limita à fusão das vértebras da coluna; quando não tratada precocemente, a doença pode desencadear diversas consequências graves, incluindo:

 

Inflamação Ocular (Uveíte):

Uma complicação comum associada à espondilite anquilosante é a uveíte, que pode resultar em dor nos olhos, sensibilidade à luz e visão turva.

 

Fraturas por Compressão causadas pela espondilite anquilosante:

Durante os estágios iniciais da espondilite anquilosante, alguns ossos tornam-se mais frágeis. Vértebras enfraquecidas podem deslocar-se, agravando a curvatura na coluna.

 

Problemas Cardiovasculares:

A doença está relacionada ao aumento do estado inflamatório, promovendo o desenvolvimento de aterosclerose e elevando os fatores de risco cardiovasculares. Isso contribui para um aumento significativo do risco cardiovascular.

 

Além destas, existem outras complicações que podem surgir, destacando a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado para mitigar o impacto dessas adversidades na vida dos pacientes.

 

espondilite anquilosante

 

Como é o tratamento da espondilite anquilosante?

Embora não exista uma cura definitiva para a espondilite anquilosante, é crucial abordar a condição o mais cedo possível. Assim, o tratamento precoce oferece a oportunidade de controlar a progressão da doença e potenciais complicações, contribuindo para a preservação e melhoria da qualidade de vida do paciente.

O tratamento da espondilite anquilosante está focado em:

– Reduzir a dor nas costas e nas articulações.

– Preservar a amplitude de movimento nas articulações.

– Prevenir danos em órgãos adicionais.

– Evitar ou corrigir deformidades na coluna vertebral.

 

O foco do tratamento da espondilite anquilosante está na redução da dor e rigidez, visando evitar deformações e auxiliar os pacientes a manterem suas atividades cotidianas. Dentre as abordagens terapêuticas, destacam-se:

 

Medicamentos para a espondilite anquilosante:

Incluindo analgésicos e anti-inflamatórios, esses fármacos desempenham um papel crucial na atenuação da dor e na redução da inflamação articular. Essa abordagem não apenas melhora a qualidade de vida, mas também minimiza desconfortos durante o repouso.

 

Reabilitação:

A prática de exercícios físicos recomendados por um médico especialista é fundamental para indivíduos com espondilite anquilosante. Dado que a doença tende a causar deformações na coluna, a participação em esportes que fortaleçam as costas é aconselhável. A natação, por exemplo, destaca-se como uma das melhores opções.

 

Cirurgia:

Reservada para casos mais graves, considera-se a intervenção cirúrgica quando as articulações estão significativamente danificadas e a mobilidade está comprometida. Geralmente, recomenda-se a cirurgia para restaurar os movimentos das articulações do quadril danificadas. Em situações excepcionais, indica-se para corrigir a posição das costas ou do pescoço em pacientes severamente afetados pela doença.

Médico neurocirurgião especialista em tratamentos da coluna vertebral, é membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Academia Brasileira de Neurocirurgia e Sociedade Brasileira de Coluna, bem como da North American Spine Society e Spinal Artroplasty Society.


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