Hiperlordose: saiba o que é, como tratar e evitar o problema que afeta a saúde da coluna

21 de fevereiro de 2019 | sem comentário | Categoria(s): doenças da coluna, hiperlordose, lordose

Se não tratada, a longo prazo a Hiperlordose pode causar intensas dores nas costas, afetando a saúde e mobilidade da espinha dorsal

hiperlordose

A coluna vertebral é uma estrutura rígida e ao mesmo tempo flexível que mede entre 72 cm e 75 cm em pessoas adultas. Formada por 33 vértebras sobrepostas, a coluna vai do crânio até a pelve. Desse conjunto, 24 vértebras são móveis e outras 9 não se movimentam.

Para quem vê de frente, a coluna vertebral parece reta, mas de lado é possível notar que ela tem curvaturas em toda sua extensão: a lordose cervical na região do pescoço,  a cifose torácica, no tórax, a lordose lombar, na cintura a cifose sacrococcígea, na cintura, que juntas dão um aspecto de S à coluna.

Essas curvaturas são consideradas naturais pois são fruto da adaptação natural do corpo humano nas diferentes fases do desenvolvimento, desde o período embrionário. Mas, quando em excesso, as alterações no grau da curva lordótica da região lombar, para mais ou para menos, indicam a ocorrência de desvios posturais. Quando esses desvios têm um aumento excessivo e atinge um ângulo superior a 60° na coluna cervical ou entre 40° e 60° na coluna lombar, passa a se chamar Hiperlordose

A princípio e em grau leve, a Hiperlordose não apresenta sintomas, mas, a longo prazo, pode causar dores nas costas, principalmente na região lombar, afetando a saúde da coluna e ainda prejudicando o alinhamento e a mobilidade cervical. Outra variação desse desvio postural é a Hipolordose, uma redução da curvatura que causa retificação da coluna cervical e lombar.

Ambos desvios podem comprometer a mobilidade da coluna na região afetada. Continue lendo o artigo para saber mais sobre a Hiperlordose, suas causas, sintomas e como pode ser tratada.

Possíveis causas da Hiperlordose

Há diversas causas que levam ao surgimento da Hiperlordose. As principais são: má postura, obesidade (o que obriga a pessoa a jogar o peso do corpo para trás com o intuito de manter o equilíbrio), sedentarismo, prática mal orientada de exercícios físicos, uso constante de salto excessivamente alto, fatores genéticos, fatores ambientais, osteoporose, artrite, traumas, flacidez muscular, entre outros.

Sintomas da Hiperlordose

Apesar de no início não apresentar graves sintomas, o principal sinal da ocorrência da Hiperlordose é a formação de um arco acentuado para dentro da região lombar.  Além disso, pessoas que sofrem desse desvio postural apresentam intensa lombalgia (dor na coluna lombar), principalmente após atividades como ficar em pé ou sentado por muito tempo e também depois de carregar peso sem proteção para a coluna – o que exige uma extensão da região, resultando em fortes dores.

Identificando a Hiperdose

A Hiperlordose pode surgir em qualquer fase da vida, inclusive na infância, mas não é algo que altera o crescimento de seu portador, por exemplo. O problema pode ser identificado por meio de um minucioso exame clínico, no qual o médico observa o paciente de lado, de costas e de frente, e ainda por meio de exames complementares como raio X panorâmico, testes ortopédicos e, em casos mais graves, via tomografia e ressonância magnética. Por meio da radiografia ou exames de imagem, é possível medir o grau da curvatura e a gravidade de possíveis lesões nos discos e articulações da área afetada. Após o diagnóstico, o médico saberá a maneira mais eficaz de tratar a Hiperlordose de seu paciente.

Como tratar a Hiperlordose

Muitas pessoas têm dúvidas sobre como tratar a Hiperlordose, mas vale destacar que o tratamento varia de acordo com as condições de cada paciente, levando em consideração fatores como idade, peso, grau de curvatura do desvio, entre outros. Geralmente é realizado um tratamento conservador, que tem por intuito impedir a progressão da curva, aliviando os sintomas e recuperando as funções da coluna – o que evita a necessidade de cirurgia. O tratamento conservador inclui o uso de órteses de correção (espécie de cinta), coletes ortopédicos e palmilhas, prática de fisioterapia, RPG (Reeducação Postural Globalizada) e de exercícios físicos que ajudem a fortalecer a musculatura da região lombar. Caso ache necessário, o médico responsável ainda poderá receitar o uso de medicamentos como analgésicos e anti-inflamatórios para auxiliar no tratamento. Em casos de desvios significativos ou deformações graves, pode ser recomendada a realização de uma cirurgia para correção.

 
Evitando a Hiperlordose

Antes de se preocupar em como tratar a Hiperlordose, vale refletir sobre sua prevenção. Para quem não nasceu com o desvio, o ideal é estimular o desenvolvimento de uma postura correta desde a infância, de modo a fortalecer e proteger toda espinha dorsal. Além disso, é fundamental manter um estilo de vida saudável com alimentação balanceada, preferencialmente rica em cálcio, praticar exercícios físicos regularmente e de forma orientada para fortalecer a musculatura e dar suporte à coluna – a natação e musculação são duas das opções mais indicadas – e ainda ter cuidado na escolha do tipo de calçado. Dependendo da altura de um salto, por exemplo, podem ocorrer alterações no posicionamento e, consequentemente, da estrutura da coluna, em casos de uso continuado. Outro cuidado muito importante é em relação ao manuseamento de objetos pesados.

Por isso, procure proteger a espinha dorsal e, em caso de dores, evite a automedicação. Apresentando qualquer sintoma, não deixe de buscar ajuda médica, pois quanto antes a Hiperlordose for diagnosticada, mais fácil é o tratamento. Considerada uma das maiores queixas em consultórios médicos, a dor nas costas merece muita atenção. A alteração em uma única parte da coluna pode comprometer todo o restante.

Médico neurocirurgião especialista em tratamentos da coluna vertebral, é membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Academia Brasileira de Neurocirurgia e Sociedade Brasileira de Coluna, bem como da North American Spine Society e Spinal Artroplasty Society.


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