Série: Desmentindo Mitos sobre Dor e Cirurgia da Coluna – Episódio 7 — “Cirurgia de Coluna Sempre Dá Errado?”
22 de outubro de 2025 | sem comentário | Categoria(s): Artigos
Poucas frases geram tanto medo — e tantas decisões erradas — quanto esta:
“Cirurgia de coluna? Nem pensar. Todo mundo que opera fica pior.”
Talvez você já tenha escutado isso de um parente, de um amigo, ou até de um profissional da saúde mal-informado.
Essa ideia se espalhou como um mantra sombrio, alimentado por casos mal conduzidos, por cirurgias mal indicadas — e, principalmente, por desinformação.
O problema é que esse mito paralisa.
Faz com que muitas pessoas sofram anos — décadas! — com dores intensas, crises repetidas, perda de mobilidade e uso contínuo de medicamentos… por medo de uma cirurgia que, bem indicada e bem executada, poderia devolver qualidade de vida.
Neste episódio, vamos esclarecer:
- De onde vem esse medo
- Por que ele nem sempre corresponde à realidade
- Quais cirurgias têm bons resultados (e por quê)
- O que influencia o sucesso cirúrgico
- E como saber se a cirurgia é a melhor opção para o seu caso
O mito: “Todo mundo que opera, se arrepende”
Esse tipo de generalização costuma vir carregada de emoção — e sem contexto.
Frases como:
- “Meu tio operou e ficou pior”
- “A vizinha da minha prima operou e ficou com dor crônica”
- “Meu médico disse que é melhor aprender a conviver com a dor”
Soam fortes. E assustadoras.
Mas precisamos perguntar: Qual era o diagnóstico do paciente? A cirurgia foi bem indicada? A técnica foi atualizada? Houve reabilitação depois? Havia outros fatores envolvidos?
Sem essas respostas, não há como transformar um caso isolado em regra geral.
A verdade: a maioria das cirurgias bem indicadas têm excelente resultado
Hoje, com os avanços das técnicas minimamente invasivas, da anestesia, da monitorização intraoperatória e da reabilitação precoce, os resultados cirúrgicos são cada vez melhores.
Estudos mostram que, em casos bem indicados:
✅ A cirurgia para hérnia de disco pode trazer alívio imediato e duradouro da dor ciática em 80 a 95% dos casos.
✅ A artrodese (fusão vertebral) em casos de instabilidade tem alto índice de melhora funcional, desde que bem planejada.
✅ A endoscopia de coluna, técnica minimamente invasiva, tem recuperação rápida e resultados superiores em muitos casos.
✅ Pacientes com estenose de canal, que mal conseguiam caminhar, voltam a ter vida ativa após descompressão adequada.
Ou seja:
Não é a cirurgia que é ruim. Ruim é operar sem critério, sem técnica adequada — ou sem necessidade.
Por que algumas cirurgias falham?
Sim, existem casos em que o paciente não melhora.
Mas isso geralmente acontece por um ou mais destes motivos:
- Indicação errada — operar quando não havia compressão, por exemplo
- Erro de técnica — abordagem inadequada, falha de instrumentação
- Diagnóstico incompleto — dor que não era de origem exclusivamente mecânica
- Ausência de reabilitação — paciente não seguiu plano pós-operatório
- Fatores emocionais e psicológicos — dor cronificada, depressão, catastrofização
- Expectativas irreais — achar que a cirurgia “cura tudo”, quando o objetivo era aliviar parte do quadro
A boa notícia é que todos esses fatores podem — e devem — ser considerados antes da cirurgia.
E é por isso que uma boa avaliação multidisciplinar, com um especialista em coluna experiente, é fundamental.
Medicina baseada em evidência, não em medo
A medicina atual é guiada por evidências científicas e protocolos rigorosos.
Hoje, não se indica cirurgia de coluna “por tentativa”.
As indicações são precisas, baseadas em:
- História clínica compatível
- Exames de imagem que confirmam a compressão
- Falha de tratamento conservador (quando há tempo para isso)
- Quadro neurológico progressivo
- Perda de força, controle esfincteriano ou mobilidade
E o principal: a decisão é compartilhada com o paciente, com clareza e honestidade.
Casos reais: a cirurgia que devolveu dignidade
Já acompanhei inúmeros pacientes que chegaram cabisbaixos, com anos de dor, frustrados com infiltrações, fisioterapias mal direcionadas e medo da cirurgia.
Alguns deles:
- Voltaram a trabalhar após anos afastados
- Dormiram uma noite inteira pela primeira vez em meses
- Disseram, emocionados: “por que eu não fiz antes?”
Cirurgias como a endoscopia lombar, a discectomia cervical anterior, ou mesmo artrodeses bem planejadas, são ferramentas potentes nas mãos de quem sabe usá-las.
Não são mágicas. Mas também não são monstros.
A confiança no especialista faz toda a diferença
É natural ter medo.
Mas quando você se sente acolhido, bem examinado, orientado com verdade e sem pressão — o medo dá lugar à confiança.
Na Clínica Vertebrata, cada caso é avaliado com critério absoluto.
Nosso objetivo nunca é operar a qualquer custo — e sim tratar a causa da dor com responsabilidade e humanidade.
Se a cirurgia for o melhor caminho, ela será explicada passo a passo.
Se não for, buscaremos juntos o melhor tratamento conservador.
Conclusão: nem toda cirurgia é necessária — mas muitas são libertadoras
A frase “cirurgia de coluna sempre dá errado” é um mito que faz muito mal.
Ela aprisiona pessoas na dor, impede avanços e alimenta o preconceito contra soluções que, muitas vezes, são a única chance de recuperação.
Saber identificar quem realmente precisa operar — e quem não precisa — é um ato de ciência, de escuta e de experiência.
Não deixe que o medo decida por você.
Decida com informação, com diálogo, com apoio médico de verdade.