Episódio 2 – “Tenho hérnia de disco. Preciso operar?” Série: Desmentindo mitos sobre dor e cirurgia da coluna
21 de agosto de 2025 | sem comentário | Categoria(s): Sem categoria
Episódio 2 – “Tenho hérnia de disco. Preciso operar?”
Série: Desmentindo mitos sobre dor e cirurgia da coluna
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Introdução
Você fez uma ressonância, recebeu o laudo e, lá estava:
“Hérnia de disco lombar L5-S1.”
Ou talvez: “Hérnia extrusa em C6-C7.”
E o susto veio em seguida:
“Vou ter que operar?”
Se essa pergunta apareceu na sua mente, você não está sozinho.
Milhares de pessoas passam pelo mesmo susto — e, na maioria das vezes, sem necessidade.
Neste episódio, vamos desmistificar a crença de que “ter hérnia é sinônimo de cirurgia.”
Spoiler: não é. E você vai entender por quê.
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Hérnia de disco é comum. Muito mais comum do que você imagina.
Estudos mostram que até 30% das pessoas acima dos 30 anos têm hérnia de disco em exames de imagem — e a maioria delas não sente absolutamente nada.
Isso mesmo:
ter uma hérnia não significa ter dor.
O que causa sintomas é quando essa hérnia:
- Comprime um nervo (como o ciático ou as raízes cervicais)
- Inflama estruturas vizinhas
- Desencadeia uma reação dolorosa persistente
E mesmo nesses casos, nem toda hérnia compressiva exige cirurgia.
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Afinal, quando a hérnia precisa de cirurgia?
A decisão de operar não depende apenas do exame de imagem.
Ela depende do conjunto de fatores, que incluem:
- Localização da hérnia (lombar, cervical, torácica)
- Tamanho e formato (protusa, extrusa, migrada)
- Se está comprimindo estruturas nobres (como a caldequina)
- Intensidade da dor e impacto na vida do paciente
- Resposta ao tratamento clínico (fisioterapia, medicamentos, bloqueios)
- Presença de déficits neurológicos (perda de força, alterações esfincterianas)
Em resumo:
Só se opera quando a hérnia está causando sintomas intensos, persistentes e refratários ao tratamento conservador.
E mesmo assim, hoje a maior parte das cirurgias pode ser feita por endoscopia de coluna, com mínima invasão.
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Como funciona o tratamento conservador?
Na maioria dos casos, começamos com:
- Medicamentos para dor e inflamação
- Fisioterapia personalizada (RPG, exercícios de fortalecimento)
- Acupuntura, osteopatia ou quiropraxia (quando bem indicadas)
- Bloqueios guiados por imagem para reduzir inflamação local
Em até 80% dos casos, o paciente melhora com essas medidas.
A hérnia pode até regredir espontaneamente ao longo dos meses — sim, ela pode diminuir de tamanho ou se reabsorver.
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Mas doutor, minha hérnia é “grande” no exame. Não é grave?
Tamanho não é tudo.
Já vimos hérnias grandes sem nenhum sintoma.
E hérnias pequenas que causam dores intensas por estarem em locais críticos, como o recesso lateral ou o forame neural.
Por isso, o laudo não substitui a avaliação clínica.
Muitos pacientes chegam apavorados, com um laudo escrito em tom dramático —
mas, após examinarmos com calma, não há motivo algum para operar.
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Quando a cirurgia se torna inevitável?
Alguns sinais nos dizem que não podemos mais esperar:
- Dor ciática ou braquialgia intensa e persistente por mais de 6–8 semanas, sem resposta ao tratamento
- Déficit motor (perda de força muscular)
- Síndrome da caldequina (urgência médica que envolve perda de controle esfincteriano)
- Recidivas frequentes com impacto funcional importante
- Compressão severa da medula ou nervos que ameaça a integridade neurológica
Nesses casos, operar não é apenas seguro.
É necessário — para preservar funções motoras, evitar sequelas e recuperar qualidade de vida.
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E como é a cirurgia da hérnia hoje em dia?
Na Clínica Vertebrata, utilizamos a endoscopia de coluna como padrão nos casos indicados.
Isso significa:
- Corte menor que 1 cm
- Sem necessidade de corte muscular amplo
- Internação curta (alta no mesmo dia, em muitos casos)
- Recuperação mais rápida
- Risco de infecção, sangramento ou complicações reduzido
Não é mais a cirurgia de coluna de 20 anos atrás.
É outra realidade — tecnológica, segura e precisa.
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Conclusão: ter hérnia não é uma sentença — é um alerta
Se você tem hérnia de disco, respire.
Não entre em pânico. Não marque cirurgia por impulso.
Procure um especialista que avalie seu quadro completo, entenda seu histórico, seu exame físico e seus exames de imagem — juntos.
Em mais de 30 anos de atuação, já vi milhares de pacientes com hérnia que nunca precisaram operar.
E também vi muitos que só encontraram alívio quando fizeram a cirurgia no momento certo — nem antes, nem depois.
Na dúvida, a pior escolha é não investigar com quem entende.
A melhor escolha? É sempre a informação certa. E o cuidado responsável