O que é espondilite anquilosante? Existe tratamento?

5 de fevereiro de 2021 | sem comentário | Categoria(s): Artigos, Espondilite Anquilosante, tratamento para coluna, tratamentos, vertebrata

A espondilite anquilosante é um exemplo típico do grupo de artrites que afetam principalmente a coluna ou as costas, conhecidas como espondiloartropatias. No caso da espondilite anquilosante, as articulações e ligamentos, que normalmente permitem que a coluna se mova e se flexione, ficam inflamados. Essa inflamação é responsável por causar dor e rigidez, condições que geralmente se manifestam na região lombar. 

Com o tempo, a doença pode progredir para a parte superior da coluna, tórax e pescoço. Como resultado, as articulações e os ossos (vértebras) podem se fundir, fazendo com que a coluna se torne, de fato, rígida e inflexível. Outras articulações, como quadris, ombros, joelhos ou tornozelos, também podem ser afetadas.

É uma doença crônica, e a gravidade dos sintomas e da deficiência variam de pessoa para pessoa. No entanto, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem ajudar a controlar a dor e a rigidez, além de reduzir ou prevenir futuras deformidades.

Os sintomas da espondilite anquilosante aparecem com mais frequência em homens jovens, entre dezesseis e trinta anos. A doença é menos comum em mulheres, que apresentam sintomas mais leves e mais difíceis de diagnosticar. 

Cerca de 5% das pessoas com o problema, desenvolvem na infância, quando os meninos são mais suscetíveis que as meninas. Quando as crianças têm espondilite anquilosante, os sintomas geralmente começam nos quadris, joelhos, calcanhares ou dedão do pé e depois progridem para a coluna.

 

Quais são as causas da espondilite anquilosante?

A causa da espondilite anquilosante é desconhecida, mas os genes e a hereditariedade desempenham um papel em sua etiologia. Pesquisadores descobriram um gene chamado “HLA-B27”,  que é encontrado em mais de 90% das pessoas que têm a doença. O HLA-B27 é um membro da família de genes associados ao sistema imunológico, que defende o nosso organismo contra infecções.

No entanto, ter o gene HLA-B27 não significa necessariamente que o indivíduo desenvolverá a espondilite anquilosante. Na verdade, uma pessoa com o gene HLA-B27 que não tem parentes com histórico do problema, tem apenas 2% de risco de desenvolver essa doença. Já para pessoas com o gene HLA-B27, que têm pai ou irmão com espondilite, o risco de desenvolver a doença é de apenas 20%. 

Portanto, há outros fatores que desempenham um papel no desenvolvimento da doença. Alguns estudos recentes têm se concentrado em várias bactérias que podem influenciar o desenvolvimento da espondilite anquilosante. Mas nenhum agente infeccioso definido ou específico ainda foi detectado.

 

Quais são os sintomas?

A inflamação da espondilite anquilosante geralmente começa em torno da articulação sacroilíaca, onde a parte inferior da coluna encontra a pelve. Os primeiros sintomas mais comuns são dor crônica e rigidez na região lombar e nos quadris. 

Esse desconforto geralmente se desenvolve lentamente ao longo de várias semanas ou meses. Em contraste com a dor nas costas de origem diferente, a dor associada à espondilite anquilosante é pior durante os períodos de repouso.  Pessoas com a doença geralmente acordam no meio da noite com dores nas costas e sentem muita tensão pela manhã. Os sintomas geralmente diminuem com o movimento e exercícios.

Com o tempo, a dor e a rigidez podem progredir para a parte superior da coluna e até mesmo para a cavidade das costelas e pescoço. Em última análise, a inflamação pode fazer com que os ossos sacroilíacos e as vértebras se fundam ou cresçam juntos. Quando isso ocorre, a coluna e o pescoço perdem sua flexibilidade. 

Há casos em que se o problema não é diagnosticado e tratado adequadamente, pode levar à incapacidade física, com limitação dos movimentos e curvatura da coluna que dificulta o caminhar de forma ereta. Algumas vezes, o tronco acaba curvado e a cabeça baixa, o que impossibilita o paciente de olhar para frente, somente para baixo.

Trata-se de uma doença sistêmica, o que significa que pode afetar outros órgãos do corpo em algumas pessoas. A doença pode causar febre, perda de apetite, fadiga e inflamação em órgãos como pulmões, coração e até nos olhos.

 

Como é o tratamento?

Não há cura para a espondilite anquilosante. No entanto, o problema deve ser tratado o quanto antes. Isso possibilita controlar a progressão da doença ou complicações, mantendo a qualidade de vida do paciente.

O tratamento se concentra em reduzir a dor e a rigidez, evitando a deformação e ajudando a pessoa a manter suas atividades normais. As formas de tratamento da espondilite anquilosante são as seguintes:

Medicamentos: Como analgésicos, antiinflamatórios, entre outros fármacos que aliviam a dor e reduzem a inflamação articular, o que permite uma melhor qualidade de vida ao paciente e evita desconfortos durante o repouso.

Reabilitação: É fundamental que os indivíduos com espondilite anquilosante realizem exercícios físicos recomendados pelo médico especialista. 

Como a doença costuma causar uma deformação da coluna vertebral, é aconselhável que o paciente pratique esportes que fortaleçam as costas. E uma das melhores opções Um dos melhores exercícios para isso é a natação.

Cirurgia: Somente em algumas ocasiões, quando as articulações estão muito danificadas e a mobilidade foi perdida, a intervenção cirúrgica é necessária. Normalmente, ela só é recomendada quando é preciso restaurar os movimentos das juntas do quadril danificadas. São raros os casos em que a cirurgia é feita para posicionar adequadamente as costas ou o pescoço de quem ficou muito afetado pela doença.

Médico neurocirurgião especialista em tratamentos da coluna vertebral, é membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Academia Brasileira de Neurocirurgia e Sociedade Brasileira de Coluna, bem como da North American Spine Society e Spinal Artroplasty Society.


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